quarta-feira, 27 de maio de 2009

Paulão fala sobre a volta e a luta com Melvin...


Paulão: 'O pau vai cantar'

Confira uma entrevista imperdível com o faixa-preta, que volta em julho, no Dream
Por Carlos Eduardo Ozório - Portal das Lutas

Fora de ação desde maio de 2008, quando sofreu a primeira derrota da carreira e parou para resolver problemas pessoais, Paulo Filho é só alegria. Isso porque no dia 20 de julho, no Japão, o faixa-preta estará de volta no Dream 10. O adversário não será moleza, Melvin Manhoef, que nas 23 vitórias que obteve, decidiu 22 vezes com nocautes.

Confira a entrevista que o Paulada concedeu ao Portal das Lutas, site parceiro do GRACIEMAG.com

Portal das Lutas – Como está depois de saber que voltará a lutar?

Paulo Filho - Estou muito feliz, numa alegria danada e até fiquei emocionado. Chorei e tudo.

PDL – Depois desse tempo parado você já volta contra uma pedreira...

PF - O que me deixou um pouco chateado é que algumas pessoas, que prefiro não citar o nome, me falaram “Poxa, vamos pular essa fogueira. É o Melvin Manhoef.” Posso falar o seguinte: tenho 31 anos nesse negócio, então uma coisa que aprendi na vida é não correr da raia. Se o papai do céu fala “você vai perder, mas te dou o direito de refugar”, vou falar que prefiro perder. Daqui a pouco não estarei mais lutando e se me lembro de uma coisa dessas ficarei arrependido. Então, estou preparado e pode ter certeza que esse rapaz terá um trabalho grande. Respeito ele como atleta, é um cara agressivo, mas me acho mais completo no quesito vale-tudo. Está nas mãos de Deus e o pau vai cantar. Tem muita gente que não acredita, falando que fiz besteira e vou entrar na porrada. Se isso acontecer, vai ser com honra e o que a gente leva nessa vida é isso, os nossos atos de valentia, de bondade e de amor próprio. O pau vai cantar e trarei essa vitória por bem ou por mal.

PDL – Como está a preparação para o desafio?

PF - Estou muito bem fisicamente e treinando. Venho trabalhando já tem algum tempo com o mestre Oswaldo Alves, com o Josuel Distak, com o Mauricinho, que está me dando uma força muito grande no muay thai, com o Franklin Magalhães e o Oto, que são duas pessoas especiais. O Franklin é meu preparador físico, um cara pós-graduado, uma fera. Não posso esquecer a minha esposa, a Daniela, que esteve comigo nos momentos mais difíceis, além de um pai e uma mãe que dispensam comentários. Então estou bem assessorado em todos os sentidos, com pessoas que fazem de tudo para me ver bem. O resto é só comigo.

PDL – O Melvin é um especialista em trocação. Tem algum planejamento para achar o espaço e grudar nele?

PF - Certamente vou esperar ele. Como o mestre Carlsão (Carlson Gracie) falava, você não pode ir até o cara. Darei uma enganadinha para ele vir com tudo e, quando ele vier de encontro, eu agarro.

PDL – Você lutará na categoria meio-pesado. Antes tinha todo aquele problema para baixar o peso...

PF - Vou estar forte, na minha categoria, e não terei que ficar dosando como nas minhas últimas lutas, em que podia acabar com dois minutos e acabava com nove. Estou com 92 kg agora, seco né bicho. Para bater 84 kg era fogo. E naquele dia contra o Chael Sonnen estava cheio de problemas pessoais, sem treinar, internado e em depressão profunda. Fui porque precisava do dinheiro. Não estava bacana, mas agora estou. Será sem sauna, sem ter que perder 14 kg em apenas um dia. Minha parte vou fazer muito bem feita e que seja a vontade de Deus.

(Paulão pára e se lembra de um recado importante)

Queria mandar um abraço para uma pessoa que venceu no Jungle Fight com uma finalização no braço (Arimarcel Chocolate, da Nocaute Fight) e fiquei muito emocionado e até chorei no dia. Ele disse que dedicava a vitória ao ídolo Paulo Filho, que estava se levantando. Estou junto dele e, no que ele precisar de mim, minha casa é dele. Poxa, essa declaração dele me deixou muito emocionado. Posso dizer que a gente não sabe o que vai acontecer dentro do ringue, mas estarei lutando por ele e por todos que acreditaram em mim.

PDL – O vi no Brasileiro de Jiu-Jitu, onde acompanhou alguns amigos. Estava matando a saudade da arte suave?

PF - Ganhei seis títulos Brasileiros e fiquei em vice uma vez contra o Comprido (Rodrigo Medeiros), numa luta muito bacana, lá e cá, e no fim ele foi malandro e venceu nas vantagens. Ganhei também três mundiais seguidos e esses títulos me deram respaldo para lutar lá fora. O último Brasileiro que lutei de preta, em 2000, foi o que me botou nessa jogada. Muitos atletas estão perdidos por aí, porque não tiveram a oportunidade que eu tive. Sou muito grato ao Carlinhos (Gracie, presidente da CBJJ) e à Confederação, porque foram eles que me deram o respaldo para o MMA. O Jiu-Jitsu é a luta mais completa e tudo isso que conquistei antes foi muito importante para eu ter lutado onde lutei e as vitórias foram todas com o jiu-jitsu, com chaves de braço, não com murros. Então, não é nada mais que a minha obrigação, quando puder, estar lá e torcer pelos meus amigos. É aquela saudade e aquela coisa romântica de saber que aquilo foi responsável por tudo de bom que tive na minha vida.

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